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Capítulo 4



Poder Da Terra

Um belo pôr-do-sol é contemplado de um píer. Andorinhas voam por cima dum farol, enquanto outros pássaros caçam peixes no mar. Todo esse visual é apreciado pelos olhos azuis, em tom cobalto, de um homem jovem, alto, de 23 anos, cabelo raspado castanho escuro e barba fina moldada. Ele veste calça jeans, blusa de manga branca e está de chinelos pretos.

O jovem se vira para trás com um sorriso encantador e estende a mão esquerda, que possui no dedo anelar, uma aliança dourada. Outra mão esquerda, feminina, e também de aliança, se entrelaça com a dele. Trata-se de uma moça de 22 anos, estatura mediana, cabelo liso ondulado preto e cativantes olhos verdes cor de vidro. Ela está grávida de nove meses. Sua vestimenta é um vestido largo de cores claras e sandálias beges claro.

O rapaz abraça a esposa pelas costas e lhe dá um afetuoso beijo na bochecha. Mas como se estivesse cansado, ele recosta sua cabeça sobre o ombro dela.

— Você ainda está se remoendo, não é? — pergunta a moça de voz branda.

— É inevitável. Eu só consigo pensar no futuro e na segurança do nosso filho.

Delicadamente, a moça se vira para o marido, e de modo reconfortante, diz com gentileza: — Não se preocupe, tudo ficará bem. Eu lhe asseguro — ela expressa uma doce certeza com o olhar.

Carinhosamente, o jovem casal se beija e retorna a admirar o pôr-do-sol.


Creta, Grécia, 21 de Abril de 2009.

São exatamente 10h. Um jovem está com os olhos fechados e recostado à parede da entrada duma caverna, JONATHAN HAEROLDES NIKOLAIDIS (JOHNNY), 19 anos, olhos azuis e cabelo ondulado até os ombros. Ele veste calça larga cáqui, blusa branca e botas de camurça marrons.

Próximo ao garoto, há bolsas e mochilas de viagem.

Vindo de dentro da caverna, um homem segue em direção a Jonathan. Ele tem 45 anos, cabelo grisalho e olhos castanhos. Suas vestes são: calça larga marrom, blusa branca e botas de camurça cáqui. Trata-se de JACOB K. NIKOLAIDIS (JAKE) um arqueólogo caçador de tesouros.

Falando em grego, Jacob chama Jonathan: — Filho? Acorda!

— Hã! O que foi? — desperta o jovem.

— Você não dormiu bem esta noite?

— Pelo contrário — ele esboça um sorriso de canto de boca. —Dormi tão bem, que fiquei triste em acordar.

— Pelo sorriso, sonhou com mulher — afirma Jacob.

Rindo, Jonathan responde: — Foi.

— Por algum acaso, é uma daquelas que vive fazendo fila na porta lá de casa?

— Não, e ela não é como as outras... eu nunca vi uma garota tão segura e delicada. Se ela existisse, eu até a pediria em casamento.

— Estou ficando velho. Meu filho único já fala em se casar — Jacob faz uma pausa para por sua mão sobre o ombro de Jonathan. — Sua mãe teria muito orgulho de você, rapaz, pois ela conseguiu fazer de ti um homem honrado.

— Sou um homem como o senhor — declara Jonathan cheio de orgulho, enquanto Jacob desvia o olhar com um sorriso sem graça.

— Chega de conversa fiada. Vamos, temos muito trabalho — diz Jacob pegando uma bolsa e caminhando para dentro da gruta.

— Sim, senhor — Jonathan pega outras duas bolsas e segue logo atrás.

O garoto vê o pai se juntar a quatro homens de capacetes com lanterna, mas sua atenção se dispersa quando avista uma luz se aproximar vinda da parte mais escura da caverna, sendo, na verdade, um quinto homem com o mesmo tipo de capacete. Esta nova pessoa chega até Jacob com uma expressão ludibriante e apontando para o lado donde viera.

Jacob larga sua bolsa no chão.

Marcus, o que houve? O que você achou? — questiona o arqueólogo pondo suas mãos sobre os ombros do homem.

— Nai! Aigon nerelei aik ne terai shiraki — pronuncia Marcus em uma língua desconhecida pelo o homem. (Tradução: Lindo! Encontrei algo magnífico que nos deixará ricos.)

Surpreso, Jacob fica com uma expressão de curiosidade. Jonathan e o resto da equipe apenas observam.

— Está se superando, amigo. Mas esta não é uma boa hora para piada — diz Jacob com um sorriso. — Volte ao trabalho, parceiro. Nós temos um prazo, lembra?

Confuso, Marcus olha para Jacob sem entender o do por que da piada. Isto é pelo fato do assistente não ter percebido que falou em outra língua.

Marcus então segura Jacob pelo braço e o leva em direção de onde acabara de vir. Rapidamente, Jonathan larga as bolsas no chão e os seguem. Os quatro homens também os acompanham.

Vinte minutos se passam, todos param numa espécie de câmara e ficam boquiabertos ao verem as paredes tomadas por Diamantes, Esmeraldas, Rubis, Benitoítes, Safiras Padparadscha, Jaspes, Alexandritas e Granadas Demantóide. Porém, antes que qualquer um pudesse por as mãos nas relíquias, ocorre um deslize de terra.

Todos se afastam.

Após cessar o pequeno e rápido resvalar de cascalhos, Jonathan se mantém parado assistindo aos homens se desesperarem para obter as pedras preciosas. Por outro lado, Jacob prende sua atenção num símbolo à parede, algo como um anel dourado rodeado por uma escrita em língua desconhecida. Ao centro, contém um buraco mediano.

Jonathan ignora as pedras preciosas e se junta ao pai.

— O que significa este símbolo? — pergunta o jovem.

Maravilhado, Jacob responde: — Algo que irá superar o esqueleto de Lady Parker — ele diz alisando, com o dedo indicador, a borda do símbolo.

— Pai, eu estou confuso.

Ignorando o filho, Jacob esquadrinha o símbolo: — Aqui cabe seguramente um punho — ele faz uma pausa para refletir — Isto só pode está relacionado a...

Neste instante, um ar frio corre junto dum vulto. As lanternas começam a falhar, uma a uma, e tudo escurece. Porém, os homens batem em seus capacetes e os acendem novamente. A situação causa calafrios e mal-estar em todos.

O misterioso vento retorna, e desta vez, em forma dum nevoeiro denso e inconstante, que se envolta no peito de um dos trabalhadores e o carrega para o alto.

Ouve-se um desesperado grito: — AAAAAAAAAHHHHH!!!!!!!!!!!

Pavorosos, o resto da equipe tenta fugir, só que ninguém consegue enxergar um palmo à frente. Recuando, Jacob tropeça numa protuberância e cai, no entanto, toca na perna de alguém e murmura assustado: — Ai!

— Pai? — interroga Jonathan.

— Filho, é você?

— Sou eu — Jonathan se agacha e ajuda o pai a ficar de pé. — O senhor está bem?

Erguido, Jacob responde: — Estou, filho. Obrigado.

— Mas o que se trata isso?

Antes que Jake respondesse, ocorrem mais três gritos.

Jacob puxa Jonathan pelo pulso na ânsia de sair dali. Todavia, o nevoeiro se dissipa misteriosamente, e os dois veem Marcus estático — em seu peito inicia-se a desenhar, na vertical, um corte seguido de sangue. Sem falar, ele cai morto ao solo, juntando-se assim, aos outros quatro corpos.

O nevoeiro começa a se concentrar num novo ponto... às costas de Jacob e Jonathan, que se comportam sem saber o que fazer quando a atividade paranormal assume o formato de um corpo humano, só que com asas brancas. Elas se envoltam no ser e tornam-se uma vestimenta branca.

Concreto em sua forma física, o ser está com aparência de um homem de feição impassiva. Ele tem cabelo loiro e liso escorrido até os ombros, e seus olhos são azuis-violeta. Descalço, o anjo está a poucos centímetros do chão, e ao abrir a palma da mão direita, faz eclodir uma fagulha do nevoeiro que ganha o formato de uma espada fina. Finalizada, a arma é de um metal brilhoso detalhado com pedras preciosas e símbolos jamais vistos.

— Humanos, não são bem-vindos aqui — menciona o ser em grego.

Ótimo! Eu só quero sair daqui com meu pai — responde Jonathan muito tenso.

— Vejo dignidade em vós, criança... és honesto e honrado. Permitireis que vá.

— Obrigado. Vem, pai.

Jacob não se move, somente olha melindroso para o ser, que diz: — Vós não.

Se tocando de que há algo irregular, Jonathan se altera: — Não vou a lugar nenhum sem meu pai! — ele estende o braço para o lado na intenção de proteger Jacob.

— Como queiras, ser carnal — o anjo sentencia retornando a desaparecer em névoa.

— Vamos, pai! — exclama Jonathan pegando na mão de Jacob, que não se move e nem responde.

Aflito, o jovem se vira para o pai e o vê com a camisa banhada em sangue. Num derradeiro suspiro, Jacob cai, enquanto Jonathan, desesperado, o segura em seus braços.

— NÃÃÃÃOOO!!! — grita o jovem — Pai, fala comigo...! Por favor, fala comigo!!! — ele dá vários tapinhas no rosto de Jacob, que não reage.

Entretanto, a ponta da espada aparece no peito de Jonathan, que com raiva, encara o anjo que está novamente em forma física.

— Levanta-te! — pronuncia o ser num tom imponente.

Jonathan cheio de ódio e com os olhos lacrimejando, fica de pé.

O anjo começa a cravar lentamente a ponta da espada no peito do jovem, que sente uma dor inevitável, mas se mantém firme. Contudo, a arma para de penetrar.

— Acabe logo com isso, seu maldito!

Apático, o ser faz com que a espada desapareça em névoa.

— Tome este dia, criança, como parte do que ainda está por vir.

— SEU DESGRAÇADO!!! — berra Jonathan — QUEM É VOCÊ?!

— Humano presunçoso, não tenho ordem para lhe responder circunstancial pergunta — revela o anjo se afastando sem encostar os pés no chão, indo para trás.

— Onde pensa que vai? — pergunta Jonathan trincando os dentes e fechando as mãos com raiva, pressionando-as com força.

O anjo apenas o observa.

Com ferocidade, a caverna inicia-se a tremer. Terras e pedras vêm abaixo, e tudo está sendo manipulado por ondas sísmicas vinda do corpo de Jonathan, que se mostra um pouco surpreso com a descoberta do poder, mas mesmo assim, não para.

— Eu vou acabar com você.

O ser permanece parado, apenas estudando Jonathan com cautela. E após alguns segundos, o anjo desaparece, mas como num piscar de olhos, ressurge às costas de Jonathan e o neutraliza pelo pescoço, o enforcando.

— Tolo. Tu, ser em carne, não compreendes o fato e logo queres me derrubar? Volta-te para o pouco de vida que lhe resta e aguarde pela profecia.

Jonathan tenta soltar-se do anjo, porém é inútil. No entanto, sua visão fica distorcida e começa a enxergar as paredes girar. Ao se restabelecer, o garoto percebe que está do lado de fora da caverna e numa distância considerável da entrada. Neste momento, ele observa tudo desmoronar, não restando nada além de areia, poeira e rochas.

— NÃÃÃÃÃÃOOO!!!! — esbraveja Jonathan em prantos.

Desolado e sujo de pó de pedra, o jovem se deixa cair de joelho ao solo e, assim, olha compenetrado para um céu azul.

— POR QUÊ?!!! — ele grita a plenos pulmões. O que fizemos para merecer isto?!

Só que algo chama a atenção de Jonathan, que passa a olhar fixamente na direção das ruínas — são seres iguais ao que lhe atacou, e por último, surge diante de si, o assassino do seu pai.

— Achou mesmo que teu feito iria me destruir?

— Deveria.

— Aprendas de uma vez, criança. Não há sentimento para o que estás destinado. Não sejas tolo em se prender a afetos carnais, que no final, o levarão a fraqueza. Tu não podes se dar ao luxo de fracassar... guardião.

Jonathan certamente não ouvira uma palavra, pois se esforça para fazer com que seu poder reapareça novamente. Por fim, o anjo abre suas asas e ascende ao Céu, desaparecendo por entre nuvens iluminadas. Todos os outros seres também somem da mesma forma.

Transtornado e com um espírito pequeno, Jonathan pronuncia com rancor: — Eu te odeio, Deus! — ele bate com as duas mãos no chão e aperta a areia com força.

De cabeça baixa, lágrimas escorrem e pingam no solo.

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Come back!

Oi!!! Voltei!!! Desculpe-me por estar sumida, mas minha vida está a maior correria... curso, trabalho, casa, namorado e livro 2 :D Ficarei mais presente e estou bolando um sorteio do livro e brindes. Espero que estejam gostando. bjus!!!